sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O GERENTE: Novos desafios e Perigos



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

RODRIGUES, MARCUS VINÍCIUS. Qualidade de Vida no Trabalho: evolução e análise no nível gerencial / Marcus Vinícius Rodrigues. 11. Ed – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

RESENHA DO CAPÍTULO 4

Neste capítulo é abordada a origem da função executiva que deu-se a partir da observação e análise de vários teóricos sobre as funções , tarefas e comportamento dos gerentes diante das organizações no início do século XX. Fayol (1981), já classificava as funções deste gerente como sendo: administrar, prever, organizar, comandar, coordenar e controlar.
Para Barnard (1971) que formulou uma das principais bases do estudo do executivo este teria que servir como canal de comunicação, passar por posições centrais, sendo este essencial a todo o trabalho do qual dependa a vitalidade e duração de uma organização. Já Drucker (1964) afirma que dentre as funções executivas dos gerentes está o controle dos trabalhos e dos trabalhadores e múltiplos fins para os quais uma organização necessite para funcionar.

No entanto tais visões muitas vezes simplórias para funções tão abrangentes e mutáveis em tempos de globalização são criticadas por Stewart (1970) justamente por todas as suas generalidades. No mundo atual com características de constantes mudanças e contextos cada vez mais diferenciados pelas especializações já não cabem mais os estereótipos clássicos sobre as tarefas executivas (LEAVITT et all, 1973, SOUZA , 1979).
Nos ambientes institucionais não cabem mais as “fórmulas mágicas” e as cartilhas com maneiras engessadas de se exercer e de se comportar gerencialmente, onde nos dias atuais a má formação com toda a dialética datada do começo do século faz com que os administradores entrem no mercado de trabalho já debilitados psicologicamente pela falta de vivência teórico-prático e universidade-empresa, com isso já influenciando sua Qualidade de Vida.
Um estudo mais aprofundado passa a surgir sobre o perfil dos gerentes nos tempos modernos:
Seu Novo Papel
Este novo gerente tem hoje inúmeras outras atribuições a mais do que seus pares das décadas de 50 e 60.

Maior Instrução Formal
Em recentes pesquisas são constatados os níveis crescentes de formações profissionais e diversificadas para o exercício do cargo.

Desafios constantes
As novas instituições tem requerido que esses profissionais sejam filósofos, jogadores, competidores, cooperadores, joviais, desprovidos de preconceitos, especuladores e que possam além disso :
- Correr riscos em alto grau de incerteza;
- Suportar tensão sem chegar ao stress;
- Ser rápido em soluções;
- Manejar poder e influência;
- Negociar;
- Inovar sempre;
- Delegar e decidir rapidamente.
- Administrar conflitos etc...

No âmbito da sua qualidade de vida ameaçada, a mesma função que traz consigo muitas vezes altos salários, posição de respeito e poder que são inerentes ao cargo, traz também um dos principais males que afetam a vida do executivo moderno que é o STRESS. Tal estado gera um “desgaste anormal da máquina humana, resultando em uma incapacidade de adaptação às exigências de natureza psíquica existente em sua vida” (COUTO 1987 p.44).
Garfield (1983) afirma que as pessoas experimentam um aumento do STRESS quando não tem controle sobre sua situação e sobre as conseqüências de suas próprias atividades.
Handy(1978) diz que “ variedades, ambigüidades de papéis, conflito, sobrecarga e subcarga levam ao stress de papel”(p.70)
Os autores concordam que um determinado grau de stress é benéfico mas que seu limite ao prejudicial é muito tênue.

MATÉRIA

O STRESS E O EXECUTIVO – por Marco Antonio De Tommaso, sem data, em http://www.tommaso.psc.br/html/stres/stres6.htm

A reação de stress consiste numa série de alterações físicas e psíquicas que o organismo promove, diante de tensão, pressão, mudanças, situações novas, adaptações ou situações avaliadas como ameaçadoras, diante das quais o cérebro ativa, independentemente da vontade, o sistema de luta e fuga, como nossos ancestrais diante de predadores e outros perigos. Passada a ameaça, o organismo deveria retornar ao normal e o stress teria cumprido sua função: preservar a vida.
Um executivo convive com pressões de todos os tipos, ambientais e pessoais. Exigências de competitividade, produtividade, relacionamentos, planos econômicos, conjuntura política, medo do futuro, auditorias e tantos outros, que não são resolvidas por luta e fuga, ou seja, adrenalina elevada, mantendo-o em estado de alerta.
Piorando as coisas, pela natureza do cargo que ocupam, escasseiam os mecanismos anti-stress (exercício físico, comunicação afetiva, suporte social, relaxamento, disciplina alimentar, etc.).Tornam-se pessoas com intensa motivação para atingir metas muitas vezes pouco definidas, trabalham pressionados e pressionando, se envolvem em muitas atividades simultaneamente, atuam de forma altamente competitiva, em premência de tempo, são possuidores de personalidades agressivas e irritáveis. Formalizam a conduta, desenvolvendo a “ síndrome da imagem a zelar”, entendendo por isso o bloqueio das emoções. Cresce o trabalho, cresce a empresa, sucumbe o indivíduo.

ANÁLISE CRÍTICA

No capítulo do livro e na matéria de Marco Antonio De Tommaso observamos que os novos desafios que estão sendo colocados à frente dos novos executivos, aliados ao fato de mercados em constantes mudanças, mundo globalizado, exigência por qualificação e muitas vezes especializações das mais diversas, tem afetado a qualidade de vida dos novos gestores.
A cobrança por um bom de¬sempenho é muito grande. Na maioria das empresas há metas de produtividade e se elas não são atingidas, as promoções também não são conseguidas. É comum os gestores não tirarem férias, levar trabalho para casa e não conse¬guirem se desligar do trabalho.
Um dos maiores desafios hoje para os novos executivos é exatamente saber dosar o nível de stress. Existe aquela velha máxima que diz “a diferença do antídoto pro veneno é só a dose”. Poucas colocações são tão felizes para descrever o perigo de uma vida com stress elevado. Num ambiente competitivo e tão mutável é fundamental que esse stress nunca extrapole o limite que o separa de um profissional ativo e de sucesso ao de outro à beira de um infarto.

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